Década de 40
Década de 50
Década de 60
 Década de 70
Década de 80

Livramento de Nsa. Senhora - Ba
Procissão do Senhor Morto
Jazz Ubirajara
Jazz Itapoan
Fausto e Seu Conjunto

 

Com a família em Livramento
Com a esposa e filhos

 

 


DÉCADA DE 40

Lindembergue nasceu em 30 de junho de 1939, filho do casal Aida Ramos Cardoso (dona de casa) e Godofredo Rocha Cardoso, pequeno negociante de tecidos na cidade de Livramento do Brumado (BA), hoje Livramento de Nossa Senhora, cidade do interior da Bahia, situada na Chapada Diamantina e rodeada por uma serra onde existe uma cachoeira chamada "Véu de Noiva", onde está o ponto mais alto da Bahia, que é o Pico das Almas. Teve uma infância muito feliz ao lado dos outros quatro irmãos, Cléia de Lourdes, Iany, Zilma e Ruybergue.

Aos 8 anos formou um conjuntinho com os amigos da rua onde morava, com flautas de talo de mamão, apitos de talo de arroz, pandeiro de tampa de lata, tambores de lata de tinta vazia e o mais sonoro dos instrumentos, que era uma cadeira com assento de couro da sala da sua casa, que era percutida com um pequeno galho de àrvore sob protesto da sua mãe.

DÉCADA DE 50

Foi então que começou a frequentar os ensaios da "Filarmônica 2 de Julho" e logo aprendeu todo o repertório e, observando as partituras, aprendeu também a desenhar as figuras musicais, o que fazia nas capas dos cadernos dos colegas, para em seguida regê-los.

Iniciou-se então na banda aos 11 anos tocando trompa (sax-horn), e teve sua primeira tocata na Procissão do Senhor Morto, e aos 12 anos, tocava sempre nas festas religiosas da sua cidade, inclusive no "giro da bandeira" para angariar fundos para a festa da padroeira e a de São Gonçalo do Amarante (na Canabrava).

Aos 13 anos passou a tocar sax soprano e a fazer parte do conjunto "Afilhados da Lua" e no "Pau e Corda", criado no Ginásio de Livramento.

No ano de 1953 começou a tocar nos bailes de Carnaval de Livramento, e em 1954 já com o novo sax-alto da marca Weril, que lhe foi presenteado pelo seu pai, passou a dirigir o "Jazz Ubirajara". Neste mesmo ano formou com o cunhado Raimundo e o amigo Artur o Trio Ca-Ta-Ma ("Ca" de Cardoso, "Ta" de Tanajura e "Ma" de Matias).

Em 1956 concluiu o curso secundário e em 57 foi para Salvador, matriculando-se no Colégio Central da Bahia. Fez um teste para jogar futebol, mas não deu certo.

Formou um conjunto com os amigos da pensão (que era paga com alguma dificuldade pelo seu pai), com o qual tocava em festas familiares, e cujo instrumento principal era "cadeira", e também com os colegas do colégio, com os quais tocava até no bonde que os conduzia para casa.

Em 1959 trocou o sax-alto pelo sax-tenor e, a convite do pai do Mo. Carlos Veiga (Dr. Venceslau Veiga), que o viu tocar no trem em uma de suas viagens de férias, começou a fazer parte do "Bazooca Joe Jazz", ocasião em que um dos componentes o encaminhou para um teste nos Seminários de Música (hoje Escola de Música da UFBA), no qual foi aprovado e logo começou a estudar sax com o prof. Armin Guthmann. Em 1960 passou a ter aulas de fagote, com o prof. Adam Firnekaes.

DÉCADA DE 60

Mas assustado com a complexidade da coisa, e as dificuldades financeiras, que não permitiam um bom aproveitamento nem a devida assiduidade, se afastou, voltando porém em 1961 com toda a força, obtendo então uma bolsa pleiteada anteriormente junto ao Prof. H. J. Koellreutter, diretor da escola na ocasião.

Com o término do Bazooca em 1960, havia passado a fazer parte do "Fausto e seu conjunto", um dos melhores da época, e de alguns outros. Ao mesmo tempo, durante o período de férias, tendo criado a pedido dos seus conterrâneos o "Jazz Itapoan", cuidava dos ensaios e da composição dos arranjos, para que continuassem se apresentando, enquanto ele estava em Salvador.

Em 1960 compôs seu primeiro dobrado: "João Correia".

Em 1962 ingressou então no Madrigal da UFBA, um grupo profissional, no naipe dos tenores, e em seguida começou a estudar canto com a profa. Sonia Born. Porém no ano seguinte teve que permanecer na sua cidade por motivo de doença, voltando no 2o. semestre do ano de 1964, quando foi convidado a tocar em um night-club famoso, que era o "Tabaris", ponto de curtição dos soldados durante a Segunda Guerra.

Começou então a ter aulas de óboe com o Prof. Afrânio Lacerda, e aprofundar-se nos estudos e nas técnicas mais eruditas e modernas trazidas da Europa pelo professor Ernst Widmer, que foi idealizador e fundador do Grupo de Compositores da Bahia, que viria a se tornar uma referência na Escola de Música da UFBA, e a partir de 1969 em todo o Brasil, com a classificação de todos, por um júri internacional do "I Festival de Música da Guanabara" - RJ (dentre os jurados o polonês K. Pendereki), e 3 deles sendo premiados: 3o lugar e prêmio do público para Lindembergue com a "Procissão das Carpideiras"; 4o para Fernando Cerqueira, e 5o. para o Dr. Milton Gomes.

Já em 1967 havia conquistado a sua primeira premiação, a Medalha de Prata "Reitor Edgard Santos", com "Trio" e "Minisuite". Nesse período, tocou saxofone no Conjunto Avanço.

A partir de 1968 já não fazia mais parte de nenhuma atividade de música popular, completamente engajado que estava à música mais elaborada e às atividades na escola, atuando no Madrigal e na Orquestra Sinfônica como percussionista, e compondo com maior afinco.

DÉCADA DE 70

Em 1970 casou-se com a contadora da Escola de Música, a srta. Lúcia Maria Pellegrino. Nesse mesmo ano o Grupo de Compositores da Bahia volta a participar do Festival da Guanabara, dessa vez concorrendo com centenas de candidatos de todas as Américas, e entre as doze peças selecionadas novamente 3 da Bahia (F.Cerqueira, Widmer e Lindembergue), e o 1o. lugar vai para Widmer, e de novo o 3o. lugar para Lindembergue com "Espectros".

Juntamente com o Grupo torna-se membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea e em 1974 é eleito Secretário da mesma (até 1982) e representante, conseqüentemente (ao lado do Presidente da SBMC), da Sociedade Internacional de Música Contemporânea (SIMC).

Em 1973 nascia o seu primeiro filho, Renato, e por conta própria, na ocasão, instituiu a "licença paternidade", pois permaneceu durante três dias junto da cria.

Em 1974 terminou o curso de Composição e Regência, graduando-se pela Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, onde já atuava como professor desde 1971, e onde teve além dos já acima citados, muitos outros professores de vital importância na sua vida, como Johannes Hoemberg, H. J. Koellreutter, Sergio Magnani, Horst Schwebel, Manoel Veiga, Georgina Lemos, Trudy Brandão, Adriana Widmer, Francisco Gondim, Fernando Lopes e alguns outros.

A partir daí participou como professor de inúmeros cursos (5 de Verão de Brasília e 8 de Inverno de Minas Gerais) em diversas cidades de todo o Brasil, ao tempo em que elaborava com os alunos desses cursos, por iniciativa própria, oficinas que utilizavam sucatas na obtenção de sons diversos, e como conclusão desses trabalhos montava espetáculos multimeios de vanguarda, elogiados por renomados críticos de arte, e com a participação entusiasta de alunos e professores que se integravam espontâneamente ao acontecimento.

O ano de 1977 lhe trouxe outra grande alegria com o nascimento do seu filho Lindembergue, que por ter nascido (de parto natural) no dia exato do seu nascimento (30.06), tomou o seu nome. Nesse ano criou o Grupo Ars Livre, formado por pessoas da escola de música e também de fora dela.

DÉCADA DE 80

Com a dissolução do Ars Livre no ano de 1981, formou o Bahia 13, e em 1982 deixou a Orquestra e ficou só com o Madrigal, novamente como seu Regente, além das atividades normais como professor.

Beg, como era chamado por todos, era uma pessoa simples, paciente, brincalhona, justa, carismática e com uma capacidade incrível de fazer amigos.

Por ser muito sensível, teve algumas fases de depressão, e até mesmo essas fases soube administrar, pintando seus quadros (óleos), de boa qualidade para um auto-didata. Foi também criador de caricaturas, de presépios confeccionados em papel pardo, além de esculturas em areia.

Inúmeras foram as suas participações em congressos, conferências, seminários, bancas examinadoras, comissões julgadoras, representações.

Em 1988 foi eleito Vice-Diretor da Escola de Música da UFBA, ano em que também recebeu o "Troféu Caymmi". Ainda em 1988, Lindembergue Cardoso foi eleito para ocupar a cadeira no. 33 da Academia Brasileira de Música, anteriormente ocupada pelo Maestro Francisco Mignoni (1897 - 1986).

Lindembergue faleceu em maio de 1989, aos 49 anos, vítima de infarto.