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DÉCADA DE 40
Lindembergue
nasceu em 30 de junho
de 1939, filho do casal
Aida Ramos Cardoso
(dona de casa) e Godofredo
Rocha Cardoso, pequeno
negociante de tecidos
na cidade de Livramento
do Brumado (BA), hoje
Livramento de Nossa
Senhora, cidade do
interior da Bahia,
situada na Chapada
Diamantina e rodeada
por uma serra onde
existe uma cachoeira
chamada "Véu
de Noiva", onde
está o ponto
mais alto da Bahia,
que é o Pico
das Almas. Teve uma
infância muito
feliz ao lado dos outros
quatro irmãos,
Cléia de Lourdes,
Iany, Zilma e Ruybergue.
Aos
8 anos formou um conjuntinho com os amigos da rua
onde morava, com flautas de talo de mamão,
apitos de talo de arroz, pandeiro de tampa de lata,
tambores de lata de tinta vazia e o mais sonoro dos
instrumentos, que era uma cadeira com assento de couro
da sala da sua casa, que era percutida com um pequeno
galho de àrvore sob protesto da sua mãe.
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Foi
então que começou
a frequentar os ensaios
da "Filarmônica
2 de Julho" e
logo aprendeu todo
o repertório
e, observando as partituras,
aprendeu também
a desenhar as figuras
musicais, o que fazia
nas capas dos cadernos
dos colegas, para em
seguida regê-los.
Iniciou-se
então na banda
aos 11 anos tocando
trompa (sax-horn),
e teve sua primeira
tocata na Procissão
do Senhor Morto, e
aos 12 anos, tocava
sempre nas festas religiosas
da sua cidade, inclusive
no "giro da bandeira"
para angariar fundos
para a festa da padroeira
e a de São Gonçalo
do Amarante (na Canabrava).
Aos
13 anos passou a tocar
sax soprano e a fazer
parte do conjunto "Afilhados
da Lua" e no "Pau
e Corda", criado
no Ginásio de
Livramento.
No
ano de 1953 começou
a tocar nos bailes
de Carnaval de Livramento,
e em 1954 já
com o novo sax-alto
da marca Weril, que
lhe foi presenteado
pelo seu pai, passou
a dirigir o "Jazz
Ubirajara". Neste
mesmo ano formou com
o cunhado Raimundo
e o amigo Artur o Trio
Ca-Ta-Ma ("Ca"
de Cardoso, "Ta"
de Tanajura e "Ma"
de Matias).
Em
1956 concluiu o curso
secundário e
em 57 foi para Salvador,
matriculando-se no
Colégio Central
da Bahia. Fez um teste
para jogar futebol,
mas não deu
certo.
Formou
um conjunto com os
amigos da pensão
(que era paga com alguma
dificuldade pelo seu
pai), com o qual tocava
em festas familiares,
e cujo instrumento
principal era "cadeira",
e também com
os colegas do colégio,
com os quais tocava
até no bonde
que os conduzia para
casa.
Em
1959 trocou o sax-alto pelo sax-tenor e, a convite
do pai do Mo. Carlos Veiga (Dr. Venceslau Veiga),
que o viu tocar no trem em uma de suas viagens de
férias, começou a fazer parte do "Bazooca
Joe Jazz", ocasião em que um dos componentes
o encaminhou para um teste nos Seminários de
Música (hoje Escola de Música da UFBA),
no qual foi aprovado e logo começou a estudar
sax com o prof. Armin Guthmann. Em 1960 passou a ter
aulas de fagote, com o prof. Adam Firnekaes.
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Mas
assustado com a complexidade
da coisa, e as dificuldades
financeiras, que não
permitiam um bom aproveitamento
nem a devida assiduidade,
se afastou, voltando
porém em 1961
com toda a força,
obtendo então
uma bolsa pleiteada
anteriormente junto
ao Prof. H. J. Koellreutter,
diretor da escola na
ocasião.
Com
o término do
Bazooca em 1960, havia
passado a fazer parte
do "Fausto e seu
conjunto", um
dos melhores da época,
e de alguns outros.
Ao mesmo tempo, durante
o período de
férias, tendo
criado a pedido dos
seus conterrâneos
o "Jazz Itapoan",
cuidava dos ensaios
e da composição
dos arranjos, para
que continuassem se
apresentando, enquanto
ele estava em Salvador.
Em
1960 compôs seu
primeiro dobrado: "João
Correia".
Em
1962 ingressou então
no Madrigal da UFBA,
um grupo profissional,
no naipe dos tenores,
e em seguida começou
a estudar canto com
a profa. Sonia Born.
Porém no ano
seguinte teve que permanecer
na sua cidade por motivo
de doença, voltando
no 2o. semestre do
ano de 1964, quando
foi convidado a tocar
em um night-club famoso,
que era o "Tabaris",
ponto de curtição
dos soldados durante
a Segunda Guerra.
Começou
então a ter aulas de óboe com o Prof.
Afrânio Lacerda, e aprofundar-se nos estudos
e nas técnicas mais eruditas e modernas trazidas
da Europa pelo professor Ernst Widmer, que foi idealizador
e fundador do Grupo de Compositores da Bahia, que
viria a se tornar uma referência na Escola de
Música da UFBA, e a partir de 1969 em todo
o Brasil, com a classificação de todos,
por um júri internacional do "I Festival
de Música da Guanabara" - RJ (dentre os
jurados o polonês K. Pendereki), e 3 deles sendo
premiados: 3o lugar e prêmio do público
para Lindembergue com a "Procissão das
Carpideiras"; 4o para Fernando Cerqueira, e 5o.
para o Dr. Milton Gomes.
Já
em 1967 havia conquistado
a sua primeira premiação,
a Medalha de Prata
"Reitor Edgard
Santos", com "Trio"
e "Minisuite".
Nesse período,
tocou saxofone no Conjunto
Avanço.
A
partir de 1968 já não fazia mais parte
de nenhuma atividade de música popular, completamente
engajado que estava à música mais elaborada
e às atividades na escola, atuando no Madrigal
e na Orquestra Sinfônica como percussionista,
e compondo com maior afinco.
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Em
1970 casou-se com a
contadora da Escola
de Música, a
srta. Lúcia
Maria Pellegrino. Nesse
mesmo ano o Grupo de
Compositores da Bahia
volta a participar
do Festival da Guanabara,
dessa vez concorrendo
com centenas de candidatos
de todas as Américas,
e entre as doze peças
selecionadas novamente
3 da Bahia (F.Cerqueira,
Widmer e Lindembergue),
e o 1o. lugar vai para
Widmer, e de novo o
3o. lugar para Lindembergue
com "Espectros".
Juntamente
com o Grupo torna-se
membro fundador da
Sociedade Brasileira
de Música Contemporânea
e em 1974 é
eleito Secretário
da mesma (até
1982) e representante,
conseqüentemente
(ao lado do Presidente
da SBMC), da Sociedade
Internacional de Música
Contemporânea
(SIMC).
Em
1973 nascia o seu primeiro filho, Renato, e por conta
própria, na ocasão, instituiu a "licença
paternidade", pois permaneceu durante três
dias junto da cria.
Em
1974 terminou o curso
de Composição
e Regência, graduando-se
pela Escola de Música
da Universidade Federal
da Bahia, onde já
atuava como professor
desde 1971, e onde
teve além dos
já acima citados,
muitos outros professores
de vital importância
na sua vida, como Johannes
Hoemberg, H. J. Koellreutter,
Sergio Magnani, Horst
Schwebel, Manoel Veiga,
Georgina Lemos, Trudy
Brandão, Adriana
Widmer, Francisco Gondim,
Fernando Lopes e alguns
outros.
A
partir daí participou
como professor de inúmeros
cursos (5 de Verão
de Brasília
e 8 de Inverno de Minas
Gerais) em diversas
cidades de todo o Brasil,
ao tempo em que elaborava
com os alunos desses
cursos, por iniciativa
própria, oficinas
que utilizavam sucatas
na obtenção
de sons diversos, e
como conclusão
desses trabalhos montava
espetáculos
multimeios de vanguarda,
elogiados por renomados
críticos de
arte, e com a participação
entusiasta de alunos
e professores que se
integravam espontâneamente
ao acontecimento.
O
ano de 1977 lhe trouxe outra grande alegria com o
nascimento do seu filho Lindembergue, que por ter
nascido (de parto natural) no dia exato do seu nascimento
(30.06), tomou o seu nome. Nesse ano criou o Grupo
Ars Livre, formado por pessoas da escola de música
e também de fora dela.
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Com
a dissolução
do Ars Livre no ano
de 1981, formou o Bahia
13, e em 1982 deixou
a Orquestra e ficou
só com o Madrigal,
novamente como seu
Regente, além
das atividades normais
como professor.
Beg,
como era chamado por
todos, era uma pessoa
simples, paciente,
brincalhona, justa,
carismática
e com uma capacidade
incrível de
fazer amigos.
Por
ser muito sensível,
teve algumas fases
de depressão,
e até mesmo
essas fases soube administrar,
pintando seus quadros
(óleos), de
boa qualidade para
um auto-didata. Foi
também criador
de caricaturas, de
presépios confeccionados
em papel pardo, além
de esculturas em areia.
Inúmeras
foram as suas participações
em congressos, conferências,
seminários,
bancas examinadoras,
comissões julgadoras,
representações.
Em
1988 foi eleito Vice-Diretor
da Escola de Música
da UFBA, ano em que
também recebeu
o "Troféu
Caymmi". Ainda em 1988, Lindembergue Cardoso foi eleito para ocupar a cadeira no. 33 da Academia Brasileira de Música, anteriormente ocupada pelo Maestro Francisco Mignoni (1897 - 1986).
Lindembergue faleceu em
maio de 1989, aos 49
anos, vítima
de infarto.
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